A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA

04-03-2012 00:36

O EGIPTO, território atravessado pelo Rio Nilo, localiza-se no Nordeste do continente africano.

A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA desenvolveu-se entre cerca de 3500 a.C. e 525 a.C.

O "Egipto é um dom do Nilo"; de facto, a civilização egípcia deve a sua existência ao rio em cujo vale se desenvolve um oásis, ladeado por dois desertos e que desagua no Mediterrâneo, em forma de delta.

O Nilo tinha cheias de Julho a Outubro, devido às chuvas que caíam em Maio nas regiões tropicais dos grandes lagos africanos, onde este nasce. As águas arrastavam consigo detritos aluviais que fertilizavam o solo. Quando o rio voltava ao seu leito normal, as terras eram lavradas e semeadas.

Para melhor aproveitamento das águas, os egípcios construíram um sistema de canais e diques. No rio e seus canais, circulavam embarcações transportando pessoas e mercadorias.

A economia egípcia era, essencialmente, uma economia agrária, pois a agricultura constituía a actividade principal dos egípcios: cultivavam cereais (trigo, centeio, cevada), linho, vinho, legumes e frutos e colhiam o papiro, com que fabricavam uma espécie de papel.

Praticavam, igualmente, a pecuária, a caça e a pesca e dedicavam-se ainda ao artesanato (olaria, cestaria, ourivesaria, vidro, tecelagem, metalurgia, construção naval) e ao comércio, por exemplo, com a Fenícia, exportando produtos agrícolas e artesanais (trigo, papiro) e importando madeira e metais.

O Egipto foi governado por faraós sob a forma de uma monarquia teocrática. O faraó era o herdeiro dos deuses e ele próprio considerado um “deus vivo”, filho de Rá, deus do Sol.

A sua autoridade era sagrada e absoluta, era simultaneamente rei e deus. Era sumo-sacerdote, juiz supremo, chefe dos exércitos e tinha o poder de vida ou de morte sobre os seus súbditos. Era ainda o proprietário da maior parte das terras.

A sociedade egípcia era uma sociedade estratificada, formada por vários escalões/estratos sociais, de acordo com as funções, privilégios, poder e riqueza
de cada um, organizando-se em dois grandes grupos: os privilegiados e os não privilegiados. A sociedade egípcia pode representar-se como uma pirâmide social:

- No cume da pirâmide estava o faraó, o “deus vivo” dos egípcios.

- Seguia-se o grupo mais privilegiado da sociedade egípcia, composto pelos sacerdotes, nobres, altos funcionários e familiares do faraó. Era uma minoria rica e poderosa, que recebia dádivas do faraó, nomeadamente terras e outras recompensas. Os sacerdotes ocupavam um lugar especial neste grupo, pois a unção religiosa dava-lhes um grande prestígio. Os escribas contabilizavam as colheitas, cobravam os impostos, asseguravam a conservação dos canais,
caminhos e locais de comércio e tinham também um grande prestígio social, pelos cargos que ocupavam e porque dominavam a escrita, o cálculo e as leis.

- Os soldados eram um grupo intermédio na sociedade: recebiam, por vezes, dádivas do faraó (terras, por exemplo) e tinham ainda direito ao saque durante as conquistas.

- Dos grupos não privilegiados faziam parte os comerciantes, os artífices e os  camponeses.

- Os camponeses, que eram a maioria da população (cerca de 90%), tinham uma vida difícil: pagavam pesados impostos ao faraó, aos sacerdotes e aos senhores, tinham de entregar aos donos das terras quase tudo o que produziam e ainda trabalhavam para o Estado nas obras públicas.

- Os comerciantes viviam melhor mas eram controlados pelo Estado.

- Os artesãos estavam dependentes das encomendas dos nobres, do palácio ou do
templo.

- Na base da pirâmide social estavam os escravos, em geral, prisioneiros de guerra, que não tinham quaisquer direitos e eram forçados ao trabalho.
Trabalhavam na exploração mineira, nos campos e por vezes faziam serviços domésticos. Será deles quase todo o trabalho das grandes construções egípcias.

Os Egípcios eram politeístas, acreditando na existência de diversos deuses, aos quais prestavam culto. Alguns dos seus deuses encarnavam animais sagrados (crocodilo, gato, serpente e falcão); outros identificavam-se com elementos naturais, como por exemplo Ámon-Rá (deus-Sol) ou o próprio rio Nilo (Hapi). Aos deuses associavam-se mitos; o mais conhecido é o mito de Osíris, consagrado como deus dos mortos.

O Tribunal de Osíris, destinado ao julgamento dos mortos, evidencia a crença na imortalidade da alma e na reencarnação, numa existência extra-terrena, isto é, numa vida para além da morte: o defunto fazia a sua confissão perante Osíris; Anúbis e Hórus pesavam-lhe o coração, pondo-o num dos pratos da balança e no outro uma pena de avestruz. Se o morto em vida tivesse sido mau e impuro, o coração pesaria mais do que a pena e seria condenado. Só os bons viveriam para sempre, no reino dos mortos, e a sua alma encarnaria no corpo. A alma para encarnar deveria ter um corpo, por isso, os egípcios embalsamavam os seus defuntos e colocavam as múmias em sarcófagos.

O culto aos deuses na religião egípcia era secreto, nele só podiam participar os sacerdotes e o faraó; apenas estes tinham acesso à sala onde se encontrava a estátua da divindade. O povo fazia as oferendas na zona pública do templo, no pátio da entrada.

A ARTE EGÍPCIA – UMA ARTE AO SERVIÇO DA RELIGIÃO

A arte egípcia manifestou-se, fundamentalmente, na construção de palácios,templos e túmulos de grande dimensão e está muito ligada ao poder absoluto e divino do faraó. É uma arte monumental e de inspiração religiosa, revelando gosto pelo grandioso, pelo duradouro e pelo eterno, sendo as pirâmides o maior exemplo.

Na pintura, usavam-se cores vivas e as figuras humanas aparecem representadas segundo determinadas regras (lei da frontalidade): a cabeça e os pés de perfil e o tronco de frente, ombros em posição simétrica e o olho visível representado de frente. As paredes interiores das construções egípcias, eram decoradas com pinturas alusivas aos deuses, a lendas, à vida dos faraós e dos grandes senhores.

O imobilismo é outra das particularidades da pintura egípcia, cuja escala (o tamanho das figuras) correspondia à respectiva importância social, por isso, o
faraó era sempre destacado.

Na escultura egípcia destaca-se o contraste entre as estátuas colossais, rígidas e sem expressão dos faraós e as estatuetas de particulares, tais como nobres e funcionários, as quais apresentavam expressividade e naturalismo de movimentos.

Ao nível da arquitectura, os Egípcios construíram, sobretudo, palácios, templos e túmulos, ou seja, a residência dos governantes, a morada dos deuses e o sepulcro dos faraós. Estátuas colossais (como as de Ramsés II no templo de Abu Simbel) e baixos-relevos, são também importantes vestígios da arquitectura egípcia.

Os palácios eram o local onde viviam os faraós e suas famílias e eram os maiores e mais ricos monumentos não funerários do antigo Egipto. Neles foram
encontrados numerosos tesouros, objectos de cerâmica, vidro, etc., que ilustram a vida faustosa da realeza egípcia.

Nos templos, construídos para celebrar o culto aos deuses, os tectos eram suportados por colunas de pedra inspiradas na Natureza, lembrando palmeiras,
papiros e flores de lótus. As paredes eram decoradas com baixos-relevos, representando cenas religiosas e épicas.

Os túmulos, monumentos funerários construídos para guardar os corpos mumificados, em conjunto com objectos pessoais, mobiliário, etc., tiveram, ao
longo dos séculos, diferentes formas:

 - as mastabas, túmulo com a forma de um tronco de pirâmide, tinham no interior divisões decoradas com relevos e estátuas do morto e, no centro,um poço que comunicava com a câmara funerária, situada no subsolo;
 - as pirâmides de degraus;
 - no 3º milénio a.C., no Império Novo, surgem as pirâmides de faces lisas - destacam-se as de Keóps, Kéfren e Miquerinos, localizadas no vale de Gizé,
onde se encontra também a colossal esfinge – a guardiã dos túmulos;
 - no 2º milénio a.C., surgem os hipogeus, túmulos escavados na rocha, de forma a tentar evitar os assaltos que se verificavam aos túmulos dos faraós.

As pirâmides afunilavam-se em direcção ao céu, como que a indicar o caminho que permitia o encontro com os deuses e o seu tamanho colossal traduzia os sentimentos de orgulho e de força dos faraós egípcios.

Os egípcios desenvolveram, igualmente, as artes decorativas como a joalharia, a olaria e o mobiliário com o uso de diferentes materiais como o marfim, o vidro e o ouro, entre outros.

As ciências também mereceram a atenção dos Egípcios. Destacaram-se na astronomia, tendo criado um calendário, dividindo o ano em 365 dias, o dia em 24 horas e a hora em 60 minutos.

A mumificação e embalsamamento permitiram um melhor conhecimento do corpo humano e, com isso, o incremento da medicina.

A construção dos diques e canais levou os Egípcios a aprofundarem a matemática, a geometria e a agrimensura (medição dos campos).

Os egípcios desenvolveram, também, um sistema de escrita que começou pela representação dos objectos (pictográfica), passando, mais tarde, àrepresentação
de ideias (ideográfica). Baseava-se em inúmeros símbolos designados por hieróglifos, daí chamar-se escrita hieroglífica. Havia ainda dois outros tipos de
escrita: a hierática, utilizada nos documentos oficiais e religiosos, e a demótica,uma forma mais simples baseada em abreviaturas.

A escrita no Egipto era uma função de um grupo especializado - os escribas -, sendo a sua aprendizagem muito morosa. O domínio da arte da escrita conferia aos seus detentores (os escribas) um importante estatuto social.

Com a invenção da escrita desenvolveu-se também a literatura: narrativas de proezas de guerra, contos populares, poemas, e obras de carácter religioso, como o Livro dos Mortos.

 

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