JOGOS OLÍMPICOS NA ANTIGUIDADE
As origens e o espírito dos Jogos Olímpicos.
A história dos Jogos Olímpicos tal como hoje os conhecemos é longa e remonta à Antiguidade. Os governantes das cidades gregas organizavam festas cívicas e religiosas, normalmente de quatro em quatro anos (uma olimpíada) em homenagem aos que tivessem sido mortos durante esse período. Para dar início a esta cerimónia, que decorria sempre em noites de lua cheia, sacerdotisas acendiam uma chama no altar à deusa Hera (irmã de Zeus e filha de Rhea). Os homens competiam numa corrida a pé (aulus) pelo privilégio de a sua cidade transportar a tocha com a chama até o altar. Cada cidade-estado (na altura a Grécia ainda não era um estado, mas um conjunto de cidades-estado com comunidades independentes a nível político e económico) organizava as suas cerimónias e competições. Por exemplo, em Corinto, decorriam os Jogos Ístmicos (no segundo e quarto ano de cada olímpiada, a partir de 581 a.C.) em homenagem ao deus das águas, Poseidon, enquanto que, em Delfos, se realizavam os Jogos Píticos (desde 582 a.C., de quatro em quatro anos, desencontrados do Jogos Olímpicos), honrando o deus da beleza e do Sol, Apolo. Celebrados em Nemeia, em honra de Zeus, os Jogos Nemeus decorriam no segundo e quarto ano de cada olímpiada (desde 573 a.C.). Destacavam-se pela sua grandiosidade as cerimónias em Olímpia (localizada na parte ocidental do Peloponeso) em honra a Zeus Olímpico, datadas pelos Gregos em 776 a.C.. Segundo a tradição os Jogos Olímpicos teriam sido fundados por Hércules, honrando Pelops como o primeiro herói do evento. Os jogos Pan-helénicos (Píticos, Olímpicos, Ístmicos e Nemeus), que nunca decorriam no mesmo ano, denominavam-se assim por estarem abertos a todos os Gregos. O movimento originado pela dimensão das cerimónias em Olímpia, de quatro em quatro anos, provocou o reaparecimento de antigas divergências entre as cidades-estado. De forma a evitar os confrontos, os sábios da cidade instituíram disputas que decorriam em paralelo com as cerimónias de carácter religioso. Desta forma, as zangas eram esquecidas, pelo que os Jogos Olímpicos se tornaram conhecidos como os Jogos da Paz. A importância adquirida pelos jogos foi tal que se estabeleceu um calendário geral, no qual se contava por olimpíadas e que se sobrepôs aos calendários locais. No século IX a.C. os reis de Esparta, Pisa, e Ilía consagraram, em Olímpia, um tratado de paz, o Ekeheiria (Trégua Sagrada), que tinha sido firmado anteriormente. Foram gravadas num disco de pedra, com as assinaturas dos reis, as regras básicas do acordo estabelecido. De acordo com a tradição deste tratado, durante o período tréguas, os atletas, artistas e as suas famílias, assim como os peregrinos podiam viajar em completa segurança para participar ou assistir aos jogos e depois regressar também em segurança. O clima de paz era essencial para a realização dos jogos. À medida que se aproximava a abertura do evento, os cidadãos de Elis proclamavam pela Grécia o período de armistício. Depois do anúncio os atletas e os seus treinadores partiam para os jogos. Ao chegar a Elis treinavam durante um mês no ginásio da cidade, na última etapa de qualificação para os Jogos. Os seleccionados partiam para Olímpia e aí prometiam participar na competição de forma honrosa e de acordo com a regras estabelecidas. Os atletas que não as cumprissem eram obrigados a pagar multas. Com este dinheiro eram erigidas estátuas de Zeus que eram colocadas, com o nome do atleta inscrito na base, ao longo da caminho até ao estádio, para lembrar o exemplo a não seguir.
Com a crescente participação de atletas oriundos de colónias gregas, da África e das costas do mar Mediterrâneo, os jogos passaram a contar com uma programação e também com conceitos mais rigorosos. Iniciavam-se com uma cerimónia de abertura, com o juramento de lealdade dos atletas sobre o sangue do sacrifício de animais. Nos dias seguintes realizavam-se 14 competições, entre provas de carros de mulas e cavalos de sela, corrida no estádio, corrida revestido de armas, pugilato, pancrácio (uma combinação entre luta e pugilato), pentatlo e a prova mais nobre, a corrida de cavalos. Entre as provas de corrida incluía-se o diaulus - com duas voltas na pista do estádio - e o dolichus (entre 7 a 24 voltas, numa prova de resistência). O pentatlo integrava uma prova corrida de velocidade, de arremesso de dardo, outra de arremesso de disco, uma prova de salto em comprimento e uma de luta. As provas de corrida decorriam no terceiro dia e, no quarto dia, as lutas livres ou com punho. Por último, organizava-se um banquete, no quinto dia, para a distribuição dos prémios. Logo depois da prova, após o anúncio do vencedor pelo arauto, um juiz grego, Hellanodikis, entregava-lhe uma folha de palmeira, que simbolizava um ceptro. Também como símbolo da vitória, à volta da cabeça e nas mãos, eram-lhe colocadas faixas vermelhas. A cerimónia oficial tinha lugar no último dia dos jogos no templo de Zeus. Em voz alta, o arauto proclamava o nome do vencedor olímpico, o nome de seu pai e o da sua terra de origem. Um juiz grego coroava então o vencedor com os ramos trançados de oliveira, que eram colhidos próximo do templo de Zeus. (Os gregos estabeleciam uma analogia entre o crescimento das árvores e o do corpo humano.) Mais tarde os atletas profissionalizados vencedores passariam também a receber dinheiro, o que veio a contribuir para a desvirtuação e declínio do espírito dos jogos. No regresso às suas cidades, os vencedores recebiam honrarias e erigia-se uma estátua em sua homenagem. Em Atenas era aberta uma brecha nas muralhas da cidade para o vencedor poder entrar. Os Hellanodikai, que superintendiam a organização dos jogos, eram escolhidos entre as melhores famílias da Élide e, para além de presidirem ao banquete final e coroarem os vencedores, recebiam ainda no primeiro dia o juramento de lealdade dos participantes. Anteriormente, os sábios de Olímpia instituíram, o triastes, uma prova que tinha como finalidade determinar o melhor dos melhores dos atletas, a soma do aulus, do diaulus e do dolichus. Leônidas de Rodes, foi o vencedor durante doze anos seguidos desta prova. As regras não impunham elevados padrões desportivos uma vez que o ideal grego se centrava acima de tudo no treino e aperfeiçoamento físico e militar. A beleza do corpo era considerada um reflexo da beleza interior; para os Gregos a prática do desporto ajudava a encontrar a harmonia entre a mente e o corpo. O evento pretendia mostrar as qualidades físicas dos participantes e a evolução das suas performances, encorajando e motivando as boas relações entre as cidades. A pureza e importância atribuída aos jogos advinha da celebração religiosa que lhe estava associada de origem, de acordo com os especialistas. Já na Antiguidade se reconhecia e valorizava a importância destes jogos e, em particular, do espírito olímpico para os forte vínculos de união entre os Helenos. A popularidade dos jogos foi crescendo de tal forma que em 632 a. C., já integravam vinte modalidades. Sólon ofereceu a cada campeão mil dracmas em moedas, em 592 a.C.. No ano de 444 a.C., foi integrado nos jogos um departamento artístico. Aqui eram atribuídos prémios destinados à escultura, à filosofia e à pintura. As arquibancadas do estádio de Olímpia (com formato em “U”) e o estádio, onde se localizava o hipódromo, poderiam acolher uma assistência de milhares de pessoas. Estima-se que os Jogos Olímpicos contassem com a presença de cerca de 40.000 pessoas entre atletas, espectadores e comerciantes. Inicialmente, eram estritamente masculinos e as mulheres competiam num outro evento, a Heraea, que tinha lugar na cidade de Argos, a meio de cada intervalo de quatro anos. Só podiam participar os cidadãos livres. Os escravos e aqueles que tinham referências negativas no seu currículo viam vedada a sua participação nos jogos. Quanto à assistência, eram banidas as mulheres casadas. Homens livres, escravos e jovens raparigas podiam fazer parte da multidão de espectadores que assistia aos jogos.
Com a perda da independência da Grécia, devido à invasão de Roma, os Jogos da Paz acabaram por sofrer a influência negativa da discórdia e da corrupção. Os Romanos estimulavam os seus jovens a desafiar os helénicos, profissionalizaram os seus atletas e, se se deparavam com dificuldades em superar as competições, tentavam subornar os seus adversários. Após ter ameaçado os seus oponentes, Nero, em 67 a. C., venceu o prémio da corrida de charrete puxada por quatro cavalos (quadriga). Tentou ainda reclamar um outro prémio, em mais um episódio que contribuiu para que os jogos acabassem por perder a sua essência ética e moral. Assim, contribuíram fortemente para o desaparecimento dos jogos, a profissionalização dos atletas (cuja principal motivação passou a ser a colecção de vitórias participando em várias competições; não só nos jogos Pan-helénicos mas também em outras locais); a participação de Romanos, que pretendiam acima de tudo agradar aos espectadores e o paganismo dos jogos. Com o nascimento do Cristianismo, a crença num único deus e a conversão dos imperadores a esta religião fizeram com que os jogos não mais pudessem ser tolerados. Após a proibição de cultos pagãos pelo imperador Teodósio I, que se convertera ao Cristianismo, os Jogos Olímpicos ficaram seriamente ameaçados, sendo que a derradeira foi realizada em 394. Em 390 milhares de Helénicos foram mortos pelos Romanos, com autorização do imperador de Roma, Teodósio I. Em Tessalónica tinha ocorrido uma celebração circense, uma festa pagã, durante a qual foi permitida toda a libertinagem. Os Romanos, provocados pelos Gregos, incendiaram casas e espancaram a população. Os Godos de Alarico devastaram Olímpia, em 288. Os bárbaros do centro-leste da Europa invadiram Roma e suas províncias da Grécia mais de um século depois e sequestraram a estátua de Zeus (ainda adorado em Olímpia), uma das sete maravilhas do mundo antigo. Olímpia ficou esquecida por muitos anos, após o terramoto (no século VI) que assolou uma parte da cidade e o estádio. Uma inundação veio atolar as ruínas do terramoto escondendo-as sobre a terra.
Os Jogos Olímpicos da Era Moderna
Os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna tiveram lugar em Atenas, no ano de 1896. O renascer os jogos atraiu atletas de catorze nações com as maiores comitivas a virem da Grécia, Alemanha e França. No dia 6 de Abril de 1896, ao vencer o triplo salto em comprimento, o americano James Connolly tornou-se no primeiro atleta olímpico após um lapso de mais de 1500 anos. Os habitantes de Atenas receberam os jogos com um grande emoção e apoio, recompensado quando o grego Spiridon Louis (pastor de ovelhas) venceu a maratona. Este jogos realizaram-se em Atenas, em homenagem à pátria de origem, numa retoma do ideal olímpico, fruto das iniciativas de Pierre de Fredy, barão de Coubertain. Anteriormente, o alemão J. J. Wincklemann, em 1870, iniciara várias escavações extensas na Grécia. Depois de, em 1871, se detectarem indícios da existência de Tróia, em 1875, com o apoio financeiro de William Chandler (antiquário e colecionador), foram encontradas as ruínas de Olímpia.
Pierre de Fredi, Barão de Coubertin
Pierre de Fredy (nascido em Paris, em 1863), barão de Coubertain e pedagogo do desporto, motivado pela frase "O importante não é vencer, mas competir, e competir com dignidade", encetou o estudo das histórias dos jogos, crendo que uma versão moderna dos Jogos impediria a Europa de entrar em guerra. Para o trabalho de Pierre de Fredy, essencial para o ressurgimento das Olimpíadas, foi importante a influência Thomas Arnold, director de um colégio de raguebi inglês. Neste estabelecimento de ensino o desporto servia para promover a educação moral dos estudantes. Coubertin assistiu aos Jogos Pan-Helênicos, comissionado pelo governo francês, ficando motivado com possibilidade de se voltaram a organizar os Jogos Olímpicos. Apesar das incursões aos Estados Unidos, ao Reino Unido e à Prússia, para divulgar a sua intenção não terem tido sucesso, Coubertin não desistiu. Em 1894, conseguiu realizar, em Paris, na Universidade de Sorbonne, um congresso internacional, uma pré-convenção olímpica. Neste encontro com setenta e nove delegados oficiais de treze nações e vinte e um representantes informais de outros países, conseguiu um compromisso formal. De acordo com este compromisso seriam realizadas competições desportivas de quatro em quatro anos, convidando todas as nações a participar no evento. Ficou também estabelecida a data e o local daqueles que viram a ser os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, os jogos de 1896, a decorrer durante a Primavera na Europa, em Abril, na cidade de Atenas. Henri Didon padre jesuíta amigo de Coubertin, emprestou-lhe o lema, que iria dar o mote aos jogos: "Citius, Altius, Fortius" - "Cada vez mais longe, cada vez mais alto e cada vez mais forte". Entre os livros que publicou contam-se quarenta e um sobre técnica e pedagogia, tendo dedicado não só parte da sua vida, como da sua fortuna pessoal, à renovação do Olimpismo e à reorganização dos Jogos Olímpicos. Ainda em 1894 foi criado o Comité Olímpico Internacional, visando a organização de uma nova edição dos jogos, de quatro em quatro anos, promovendo, desta forma, a união entre os países. Coubertin foi presidente do Comité Olímpico Internacional entre 1896 e 1925 e manifestou-se contra a participação feminina nos jogos. Só nos Jogos de Estocolmo a participação das mulheres foi oficialmente admitida. O Comité Olímpico de Portugal, fundado em 1909, é um dos mais antigos do mundo, tendo sido o décimo terceiro a filiar-se no Comité Olímpico Internacional. Portugal emocionou-se com as vitórias de Rosa Mota em atletismo - Medalha de Bronze na Maratona de Los Angeles (1984) e Medalha de Ouro na Maratona de Seoul (1988) - e de Carlos Lopes na Maratona de Los Angeles (1984). Destacaram-se também, entre outras, as participações de Fernanda Ribeiro nas provas de atletismo de 10.000 m, ganhando a Medalha de Ouro em Atlanta (1996) e a Medalha de Bronze, em Sydney (2000) e Nuno Delgado, Medalha de Bronze, na categoria “81 Kg” de Judo, em Sydney (2000). Desde 1896, os jogos têm decorrido de quatro em quatro anos, com três interrupções devido às Guerras Mundiais (1916, 1940 e 1944). Em 2004, os Jogos Olímpicos retornam mais uma vez às suas origens. Atenas acolhe em 2004, a XXVIII Olimpíada da era moderna, tendo a cidade sido eleita em 1997 entre um total de cinco cidades finalistas que se candidataram a organizar estes Jogos (para além de Atenas, candidataram-se Buenos Aires, Cidade do Cabo, Roma e Estocolmo). A cerimónia de abertura terá lugar a 13 de Agosto de 2004, iniciando o evento que se prolongará por dezasseis dias, promovendo-se sobretudo nesta competição pacífica o espírito olímpico e a performance dos atletas. Em 2006, os XX Jogos de Inverno terão lugar em Turim. Os XXIX Jogos Olímpicos terão lugar em Pequim, em 2008, e, em 2010, Vancouver acolherá os XXI Jogos Olímpicos de Inverno.
Os Jogos Olímpicos da era moderna são os seguintes:
Jogos de Verão
Atenas 1896
Paris 1900
St. Luis 1904
Londres 1908
Estocolmo 1912
Antuérpia 1920
Paris 1924
Amsterdão 1928
Los Angeles 1932
Berlim 1936
Londres 1948
Helsínquia 1952
Melbourne 1956
Roma 1960
Tóquio 1964
Cidade do México 1968
Munique 1972
Montreal 1976
Moscovo 1980
Los Angeles 1984
Seul 1988
Barcelona 1992
Atlanta 1996
Sydney 2000
Jogos de Inverno
Chamonix 1924
St. Moritz 1928
Lake Placid 1932
Garmisch- Partenkirchen 1936
St. Moritz 1948
Oslo 1952
Cortina d’Ampezzo 1956
Squaw Valley 1960
Innsbruck 1964
Grenoble 1968
Sapporo 1972
Innsbruck 1976
Lake Placid 1980
Sarajevo 1984
Calgary 1988
Albertville 1992
Lillehammer 1994
Nagano 1998
Salt Lake City 2002
Os Jogos Paraolímpicos
Em 1948, Sir Ludwig Guttmann organizou uma competição desportiva com veteranos da Segunda Guerra Mundial que tinham sofrido ferimentos na coluna vertebral. Quatro anos após este evento, juntaram-se a este jogos participantes da Holanda, tendo assim nascido o movimento internacional denominado Paralímpico.Os Jogos Olímpicos para atletas com deficiência foram organizados pela primeira vez em 1960. Em 1976, em Toronto, participaram atletas com outras deficiências surgindo a ideia de organizar uma competição internacional desportiva. Ainda em 1976 tiveram lugar, na Suécia, os primeiros Jogos Paraolímpicos de Inverno. O movimento Paralímpico tem registado um grande crescimento, desde quatrocentos atletas em Roma para três mil oitocentos e quarenta e três, em Sydney, onde se juntou um número recorde de 122 países e 123 delegações incluindo atletas independentes que vieram de Timor Leste. Estes jogos de Sydney foram os maiores Paraolímpicos realizados. Os Jogos Paraolímpicos têm decorrido no mesmo ano dos Jogos Olímpicos. Desde 1988, nos Jogos de Verão e em 1992, em Albertville, nos Jogos de Inverno, têm tido decorrido nos mesmos locais que os Jogos Olímpicos. Em 2001 foi assinado um acordo entre o Comité Internacional Olímpico e o Comité Internacional Paraolímpico de forma a assegurar a realização dos Jogos Paraolímpicos. O documento assinado reafirma que, a partir de 2008, os Jogos Paraolímpicos terão lugar pouco tempo depois dos Jogos Olímpicos, utilizando as mesmas instalações. Depois dos jogos de 2002, que tiveram lugar em Salt Lake City, um comité da organização é responsável tanto pelo acolhimento dos Jogos Olímpicos como dos Paralímpicos. Os serviços de alimentação, transporte, bem como os serviços médicos e as instalações, foram comuns aos participantes dos dois jogos. Após os jogos de Atenas, em 2004, a chama paralímpica será acesa pela décima vez na história, em Pequim, nos Jogos Paralímpicos de 2008.
Bibliografia
https://www.olympic.org/
https://www.paralympic.org/
https://www.comiteolimpicoportugal.pt/
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vols. 6 e 11, Editorial Verbo.
Os jogos mais famosos e apreciados no mundo grego eram os patrocinados pelo Templo de Zeus, que se realizavam de 4 em 4 anos em Olímpia. No seu estádio decorriam as competições atléticas, como corridas, boxe, luta e pentatlo.
Aqueles que se comprometiam a participar nos jogos eram obrigados a preparar-se durante dez meses e deveriam chegar a Olímpia com um mês de antecedência para completar os treinos. Com os atletas chegavam mercadores e peregrinos que se hospedavam ou acampavam na cidade. Assistiam às solenes cerimónias religiosas e participavam nas distracções religiosas que ali se organizavam. Todas as provas tinham um carácter estritamente individual: conduziam à glorificação do atleta que se tivesse revelado o melhor. É um facto assinalar o de que os gregos nunca introduziram nos jogos competições colectivas.
Os jogos olímpicos , na Antiguidade Clássica, incluíam uma enorme variedade de eventos desportivos. Muitos destes são os antecessores dos jogos olímpicos modernos . Os jogos olímpicos da Antiguidade, eram os seguintes:
- Box
- Luta Livre ( os combates são brutais e não se tomam precauções para evitar os ferimentos)
- Lançamento de Disco ( de pedra polida ou metal)
- Remo
- Pentatlo (compreende cinco provas: dardo, disco, salto em comprimento, luta e corrida)
- Salto
- Corrida ( os concorrentes, sem sapatos e com o corpo untado, tomam lugar numa linha de partida de pedra
- Pankration (luta similar ao boxe, são permitidos todos os golpes, incluindo o estrangulamento)
- Corridas Equestres (nestas corridas não há obstáculos, o cavaleiro apeia-se e conduz o cavalo à meta)
- Corrida de mensageiros e Trompeteiros.
O FIM DOS JOGOS
No ano 391 da nossa era, o imperador romano Teodósio I, proibiu por decreto todos os cultos pagãos que incluiam jogos olímpicos, o que significava o fim provisório do movimento olímpico.
Em 426, o imperador romano Teodósio II, mandou queimar o Templo de Zeus e mais alguns edifícios. Pode ter sido este o último ano em que os Jogos Olímpicos da Antiguidade se realizaram.
O fim dos jogos olímpicos foi várias vezes vaticinado, perante crises políticas, no entanto a ideia olímpica resistiu às duas guerras mundiais, bem como às épocas de transformações, a golpes de estado e a revoluções - evidentemente, quase sempre sob diferentes condições exteriores e considerações políticas.